Bruno Reis, vice-prefeito de Salvador (MDB), compara Wagner a Geddel: “a lei vale para todos”

Numa entrevista em que declarou estar preparado para assumir a prefeitura e até para disputar o governo do estado  (além de criticar a segurança pública da Bahia e o principal nome do partido dele, o presidente Michel Temer), o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, comparou as situações de Geddel Vieira Lima e Jaques Wagner.

A lei vale para todos: cometeu erro, tem que pagar“, decretou o político, de 40 anos.

Wagner é investigado da Operação Cartão Vermelho, da Polícia Federal, que apura corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de verba pública na contratação do Consórcio Arena Fonte Nova para construção e gestão do estádio.

O ex-governador é apontado pela PF como beneficiário de R$ 82 milhões em propinas pelas construtoras Odebrecht e OAS. Ex-ministro de Temer, Geddel está preso na Papuda, desde setembro de 2017, um dia após a Polícia Federal descobrir em um apartamento em Salvador malas e caixas contendo R$51 milhões em dinheiro. O imóvel teria sido emprestado a Geddel, que responde por obstrução da justiça nas Operações Sépsis e Cui Bono.

Os irmãos Vieira Lima receberam Bruno Reis no então PMDB baiano para a composição da chapa majoritária na reeleição de ACM Neto. Atualmente, o vice-prefeito ameaça sair do partido, se não houver o afastamento de Geddel e Lúcio, o que ele chama de “oxigenação da legenda”.

Confesso a você: se chegar em abril e o processo de renovação não se confirmar eu posso sair do partido. Pode ser DEM, ou pode ser qualquer outra sigla que apoie a nossa causa”, confidenciou, com exclusividade, ao programa Linha de Frente, transmitido por Aratu Online e Aratu.

Na entrevista, Reis revelou ter sido o primeiro articulador da candidatura de Ângelo Coronel (PSD) à presidência da Assembleia Legislativa, interrompendo 10 anos da dinastia Marcelo Nilo. Só que o vice-prefeito diz estar insatisfeito porque Coronel passou a “ficar de cócoras para o Executivo”.

Assista o programa completo:

LEIA OS PRINCIPAIS TRECHOS:

PREFEITURA DE SALVADOR

Acompanho o prefeito ACM Neto há 20 anos na vida pública. Nunca a cidade teve prefeito e vice prefeito tão alinhados nas ideias, nos princípios e valores. A cidade está planejada até para o ano 2020. Já discutimos pasta por pasta os prazos, metas e entregas nos próximos anos. Temos a certeza que a cidade não vai parar, pelo contrário, vai acelerar ainda mais.rnA prefeitura gasta 100 milhões a mais em educação do que a lei nos exige.rnSe eu tiver a oportunidade de assumir a prefeitura, a cidade pode ficar tranquila porque o ritmo vai continuar, caso seja a decisão do prefeito disputar a campanha de governador.

NETO CANDIDATO

O prefeito ACM Neto está avaliando a possibilidade de ser candidato. Se perguntarem minha opinião, acho que ele deve ser candidato. O sentimento é de mudança, de que o projeto do PT se esgotou.rnNossa expectativa é de que até o mês de Março o prefeito ACM Neto possa colocar seu nome para governador.

FONTE NOVA

Ainda na condição de deputado estadual, chamei atenção para o evento Arena Fonte Nova. A modalidade adotada de PPP era equivocada. Uma obra que iria custar para o estado da Bahia em torno de 650 milhões, o estado resolveu adotar PPP custando 1,1 bilhão. A obra vai custar para você, eleitor, em torno de 2 bilhões. A justiça tarda mas não falha, está aí para parentes, amigos, e para todos. Quem cometeu irregularidade tem que pagar pelos seus erros. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém.

Há um superfaturamento, sim, evidente, claro, isso está comprovado em todos os laudos. Isso tem consequência jurídica e consequência na política. Wagner é o principal líder do PT na Bahia, ele elegeu Rui Costa, que era um desconhecido.

GEDDEL

Sobre Geddel e Lúcio, se cometeram erros, têm que pagar. A lei é para todos. Todo cidadão tem direito ao contraditório, a ampla defesa, mas sendo condenado tem que pagar. Hoje o caso de Geddel está entregue ao poder judiciário.

VEJA TAMBÉM: Wagner reúne aliados de 10 partidos e contra-ataca: “desafio qualquer empresário dizer que eu exigi dinheiro por obra” 

LEIA MAIS: Em menos de 24 horas, denúncias contra Jaques Wagner já mexeram no xadrez da política baiana de 2018: entenda 

NOVOS ARES

Todos sabem que iniciei a vida pública ao lado do então deputado federal ACM Neto, crescemos juntos na política. Fui para o PMDB, em 2013, dentro de uma articulação política, para tentar a vaga de vice prefeito. Todo mundo sabe dentro do PMDB que tenho fortes ligações com ele. A minha relação com o PMDB da Bahia sempre foi política mas sempre deixando claro qual era meu líder política e a qual grupo eu pertencia.

Óbvio que ninguém imaginava que uma situação essa poderia acontecer (prisão de Geddel). Eu comecei a exigir mudança de postura do partido. Geddel tinha se afastado e Lúcio também. E nós passamos a defender um processo de oxigenação do PMDB, com filiados, com deputados e vereadores. Venho pregando essa renovação, o partido passa a ter outra cara. Mas confesso a você: se chegar em abril e o processo de renovação não se confirmar eu posso sair do partido. Pode ser DEM, ou pode ser qualquer outra sigla que apoie a nossa causa.

CORONEL

A primeira pessoa que tratou com Ângelo Coronel sobre a possibilidade dele ser presidente foi o amigo aqui que vos fala. Eu era deputado estadual ainda, conhecia aquela casa, estava há seis anos na casa, sabia que ele era o único nome capaz de derrotar Marcelo Nilo. Nada contra Marcelo Nilo, mas 10 anos como presidente não era razoável. Não entendia que não pudesse ter homem ou mulher naquela casa para assumir. Entendia que só alguém com o apoio do senador Otto Alencar poderia vencer.

Entendia que podia ter um Legislativo mais autônomo. Acho que Coronel começou bem mas já agora no segundo semestre de 2017, quando começou a costurar a eleição, ele no interesse de buscar vaga na chapa majoritária, começou a fazer igual a Marcelo Nilo. Os interesses políticos acabam influenciando e em determinado momento Coronel passou a ficar de cócoras ao Executivo.

O vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, disse que não apoiaria Michel Temer para presidente

CHAPA

Nunca antes na história da Bahia, uma chapa de oposição reuniu tantos nomes importantes. Temos os prefeitos das duas principais cidades da Bahia. Temos os nomes de Imbassahy, Jutahy, João Gualberto, no PSDB. No DEM, temos o nome de Paulo Souto, os deputados Aleluia e Paulo Azi. É óbvio que se a gente tiver um partido a mais, isso ajuda. Mas se não tiver, nosso time está escalado. Não posso citar nomes de preferência para não atrapalhar o tabuleiro político. Quero lembrar a vocês que a chapa de Wagner em 2006 era ele, o prefeito Edmundo de Brumado, e João Durval que estava praticamente afastado da política.rnSe o PL puder vir, se o PP puder vir, isso reforça, dá mais tempo de televisão. Mas se não vierem, nosso time está montado.

BRUNO GOVERNADOR

Vim do interior, sou de Juazeiro. Conheço bem a realidade de todas as regiões da Bahia, sei os problemas e os gargalos. Nesses 20 anos de vida pública, adquiri conhecimento e experiência e procurei me preparar para qualquer desafio. Me considero pronto para qualquer desafio. Na escola da vida pública que ACM Neto se formou eu também me formei. Aprendi a fazer gestão administrativa. Estou à disposição do grupo para qualquer desafio. Nosso candidato é ACM Neto, mas caso ele e o grupo entendam que não é o momento, que deva ser feita nova aposta, eu estou pronto. Jogo nesse time em qualquer posição: posso ser o técnico, mas posso jogar de centro avante, se essa for a escalação que o grupo desejar. Só o fato de meu nome ser lembrado como pré candidato a governador, isso me conforta.

VIOLÊNCIA

Esse episódio ocorreu na quarta de cinzas. Eu sai com filhos e amigos, estávamos na lancha dele parada e eu nunca imaginava ser assaltado dentro da água. Estava com minha filha no braço, eles roubaram corrente, carteiras, celulares dentro da lancha. Foi um momento desesperador. Minha filha até hoje não quer sair de lancha.rnDesde minha época de deputado, eu falo sobre segurança. Faltam investimentos e estratégia de combate ao crime. Em números absolutos, ganhamos para Rio e para São Paulo. A Bahia perdeu a guerra contra o crime. Não vai se resolver problema da segurança com a varinha de condão. O principal responsável é o estado. O programa Pacto pela Vida é uma cópia de Pernambuco, mas lá deu certo porque tinha um governador que cobrava, Eduardo Campos.rnEu não defendo intervenção na segurança. Lá no Rio, com queda de arrecadação, o estado perdeu a condição de investir na segurança. Aqui, o estado tem condição de resolver o problema, só precisa mudar a prioridade. O governador tem que assumir a liderança desse processo.

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Tenho excelente relação com o deputado Rodrigo Maia. Defendo o nome do presidente Rodrigo Maia como pré candidato. O trabalho inicia agora, a eleição está muito aberta e pulverizada. Se o presidente Rodrigo Maia ganhar musculatura, vamos apoiar. Temer não será candidato e se fosse não teria nosso apoio. Se ele resolver entrar nesse processo só vai piorar ainda mais a situação do país.

Participe do debate sobre política e eleições pelo www.twitter.com/opabloreis

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email