EXCLUSIVO! Heloísa Helena sobre ACM: “Foi um convívio duro, duríssimo, mas não me arrependo de nada do que disse”

A voz com sotaque inconfundível da enfermeira, professora e ex-senadora Heloísa Helena, sempre bastante ágil em render qualquer assunto sobre política, não ousa sequer mencionar o nome de quem para muitos foi o principal político da história da Bahia: Antônio Carlos Magalhães.

A convivência de ambos no Congresso, entre 1999 e 2001 (quando o baiano renunciou), e entre 2003 e 2007 (após a nova eleição de ACM até a morte) é contada por ela como alguns dos capítulos mais difíceis da vida pública. “Foi um convívio duro, duríssimo. Mas eu não me arrependo de nada do que disse, ao mesmo tempo que acredito que ele não se arrepende de nada. Quando a pessoa vai para outro plano espiritual, eu já não brigo, mas eu gosto de brigar com as pessoas quando elas estão em vida e, de preferência, a um metro de distância.”

Uma das frases que ela disse frente a frente a ACM na tribuna foi a seguinte: “Vossa excelência (ACM) foi muito mal acostumado neste país, assustando muitas pessoas com a síndrome do capitão do mato. Nasci negrinha neste mundo e não me dobro a ninguém. Vim negrinha neste mundo para arrombar a porta da senzala se preciso for, jamais para ser arrastada para ela. Fui educada, e não domesticada para servir aos grandes e poderosos”.

A fase mais aguda do embate foi justamente na época da cassação do senador Luiz Estevão, em 2000, que chegou a ser preso, acusado de peculato e corrupção ativa, por desvio de R$169 milhões da construção do Fórum Trabalhista em São Paulo. Até hoje, o político cumpre pena no presídio da Papuda. Na ocasião, ACM foi flagrado em uma conversa com procuradores afirmando que tinha provas de Heloisa Helena ter votado contra a cassação de Estevão, por motivos pessoais ou a pedido do também senador Renan Calheiros. O comentário gerou indignação e embates calorosos na tribuna do senado. A alagoana ameaçou processar.

(Clique aqui e leia a reportagem publicada pelo Senado Notícias, à época: Heloísa Helena vai processar ACM por declarações a procuradores)

O “reencontro” com o baiano foi motivado justamente em função da visita a Salvador, por causa da hospedagem no hotel Fiesta: “Eu fui atravessar a avenida que tem o nome dele e comentei que só me faltava ser atropelada”.

Considerada de gênio forte e personalidade combativa, Heloisa Helena disse, com exclusividade para o programa Linha de Frente, transmitido pelas redes sociais da Aratu, que “não tem nada a ver esse negócio de morreu ficou bonzinho“. “É desprezível essa história de sorriso na frente e facada nas costas, mel na boca e bílis no coração. Eu briguei todas as brigas que eu tinha que brigar em vida. Quando eu queria dizer algo a ele no plenário eu esperei inclusive a presença física dele. “

Clique e assista vídeo completo da entrevista: 

Heloisa Helena comenta relação de brigas com ACM no Senado

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Em Salvador para debates promovidos pela Fundação Rede Brasil Sustentável, ligada ao partido Rede de Marina Silva, ela não poupou críticas ao antigo partido, o PT, e ao ex-presidente Lula também, a quem acusou de se aliar a Fernando Collor e Renan Calheiros para derrotá-la em Alagoas.

Sair do PT não foi mágoa, foi livramento. Ainda tenho grandes amigos lá, mas muitos inimigos. E é bom que eles sejam inimigos mesmo. Mágoas eu não tenho, eu tenho mesmo é que agradecer a Deus. A política é o melhor do mundo para bandidos. Quem não é bandido vive sempre à beira de um ataque de nervos”, desabafa ela.

No saguão do hotel, mostrou simplicidade e simpatia para atender a simpatizantes que queriam conversar. Após o mandato de senadora, Heloisa Helena tentou uma candidatura à presidência de República, e exerceu dois mandatos como vereadora de Maceió, além de voltar a dar aulas na universidade. Ela tem uma metáfora para falar sobre a luta política que trava contra os poderosos das Alagoas: “às vezes eu tenho a sensação que eu vou para a batalha apenas com as mãos, enfrentando um exército com AR-15 e tanque de guerra.”

E gosta de resumir a insistência na política, mesmo com tantas dificuldades alegadas, da seguinte forma: “Cuidar de nossos filhos é amor, temos obrigação mesmo é de cuidar dos filhos dos outros”.

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