HOMEM BOMBA: 5 pistas para Palocci ser o mais explosivo delator da Lava Jato até agora

O depoimento de quase duas horas do ex-ministro e réu Antonio Palocci ao juiz Sérgio Moro mostrou as razões de ter munição para a delação premiada mais robusta – e chocante – da história do Brasil. Ao lado do advogado Cristiano Zanin, que representa o ex-presidente Lula, o “Italiano” da planilha de Marcelo Odebrecht confirmou que negocia com o Ministério Público Federal uma delação premiada. Elencamos cinco indícios de que a provável confissão de Palocci será devastadora:rnrn1.Principal arrecadador de campanhasrnAntonio Palocci sempre foi considerado, pelos agentes do mercado, o terceiro nome do PT, perdendo em influência apenas para Lula e José Dirceu. No depoimento a Moro, ele assume a posição de arrecadador das principais campanhas presidenciais. Com isso, mantinha interlocução constante com empreiteiras, fundos de pensão, bancos e pode fornecer informações valiosas ao MPFrn

“No meu relacionamento com a Odebrecht, normalmente, eu pedi recursos para campanhas. Praticamente só atuava em campanhas presidenciais e para campanhas minhas. Na última campanha que eu fiz para deputado federal foi em 2006, eu chequei no TSE se tinha alguma doação legal no meu nome e não tinha. Se não tinha doação legal, eu lhe garanto que teve doação ilegal. Porque a Odebrecht não deixaria de fazer doação para campanha minha. Eu tenho certeza que ela fez doação importante para mim também.”

rnrnrn2. Homem forte do Núcleo DurornrnPalocci foi homem forte nos governos de Lula e Dilma. Ministro da Fazenda do primeiro e Ministro da Casa Civil da sucessora, tinha conseguido passar incólume nos escândalos envolvendo o PT até junho de 2011 por suspeitas de enriquecimento ilícito. Terminou preso em 26 de setembro de 2016. Recusara-se a falar tudo o que sabia até receber uma condenação de 12 anos de prisão. Resumindo, ele não é um delator de fora do sistema político. Ao contrário, conhece a copa, a cozinha, os banheiros e os dormitórios dos palácios do Planalto e da Alvorada.rn

“O Emílio abordou (Odebrecht), no final 2010, não para fazer um acordo, mas para fazer um pacto. Eu chamei de pacto de sangue porque envolvia um presente pessoal, o sítio, envolvia o prédio de um museu, pago pela empresa, envolvia palestras a R$200 mil (fora impostos), e envolvia uma reserva de 300 milhões de reais. O presidente Lula me procurou, eu ficaria surpreso também. Eu não estranhei a surpresa do presidente, mas ele não mandou eu brigar com a Odebrecht, mandou eu recolher os valores.”

rnrnrn3. Enxerga o tabuleiro de cimarnrnPalocci era mais influente e bem informado do que Joesley Batista e Marcelo Odebrecht. Além disso, tinha visão estratégica superior aos diretores da Petrobrás. Como Ministro da Casa Civil, conhecia todo o aparato dos partidos para financiamento de campanhas a partir de obras superfaturadas. O fato de ter sido Ministro da Fazenda deu a ele trânsito livre entre os banqueiros. Uma delação completa de Palocci implica em abalar todo o sistema financeiro.rn

“A Petrobras valia na posse do presidente Lula 15 bilhões de dólares. Em três anos, devia estar valendo 300 bilhões de dólares. Acho que o Pré Sal foi um dos grandes males pro Brasil. O Pré Sal é uma riqueza e é preciso saber lidar com uma riqueza, porque senão acaba se tornando problema como no nosso caso. Se fez todo tipo de iniciativa, de processo sem controle, de estudo inadequado. E muitos projetos acabaram não saindo do papel. A refinaria Premium I e Premium II, cada uma custou 3 bilhões, e estão no papel. Isso (a corrupção) foi ocorrendo progressivamente na Petrobras. Num determinado momento, o PMDB parou de votar com o governo porque queria a diretoria Internacional. Em 2007, o presidente Lula senta comigo e fala: eu tenho ouvido falar que as diretorias de serviço, internacional e abastecimento estão tendo muito corrupção, é verdade? Eu disse que era. Ele (Lula) perdeu as preocupações e até chegou a recomendar que os diretores fizessem mais reservas partidárias.”

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rnLEIA MAIS: Dinheiro apreendido pela PF em imóvel ligado a Geddel equivale a 15 anos de doações ao Martagão rnrnVEJA TAMBÉM: EXCLUSIVO! Paulo Azi ataca Solla por acusação contra Neto: “não tem moral para falar de ninguém” rnrn rnrn4. Relação íntima com denunciadosrnrnAs relações de Palocci com muitos dos denunciados não era simplesmente política ou empresarial: ele tinha acesso íntimo. Por isso, é capaz de falar com a mesma tranquilidade de conversas com Dona Marisa, ou um presidente do Legislativo, ou um executivo de multinacional. Confirma – com detalhes – que Lula era o real proprietário do triplex e do sítio de Atibaia, itens colocados por Emílio Odebrecht em um “pacote de propinas”, na definição de Palocci.rnPalocci cumpre prisão preventiva desde setembro de 2016 por ordem de Moro. Ele está detido no Paraná e estaria negociando há meses um acordo de delação premiada com o MPF. Em junho, o ex-ministro foi condenado por Moro em outro processo da Lava Jato 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.rnrnrnrn rnrn5. Despertou fúria dos ex-aliadosrnrnAs reações ao depoimento de Palocci foram instantâneas, indignadas e vieram de todas as partes. Em vídeo gravado na saída da audiência, o advogado Cristiano Zanin desqualificou as revelações do ex-ministro. “Não tem compromisso com a verdade. É um depoimento apenas para agradar os colaboradores e obter uma delação premiada“rnrnVeja o video:rnrnrnrnTrecho da Nota de Dilma Rousseff:rn

O senhor Antonio Palocci falta com a verdade quando aponta o envolvimento de Dilma Rousseff em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empresa Odebrecht, seja durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou no primeiro governo dela. Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira.

rnNOTA DO ADVOGADO CRISTIANO ZANINrn”O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas. Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.rnComo Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena. Palocci compareceu ato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como “pacto de sangue”, esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.rnApós cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP.”rnrnNOTA DO INSTITUTO LULArnA história que Antonio Palocci conta é contraditória com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula. Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público para obter redução de pena e que no processo do tríplex foi de Léo Pinheiro.rnA acusação do Ministério Público fala que o terreno teria sido comprado com recursos desviados de contratos da Petrobrás, e só por envolver Petrobrás o caso é julgado no Paraná por Sérgio Moro. Não há nada no processo ou no depoimento de Palocci que confirme isso. Sobre a tal “planilha”, mesmo Palocci diz que era um controle interno do Marcelo Odebrecht e que “acha” que se refere a ele. Ou seja, nem Palocci conhecia a tal planilha, quanto mais Lula.rnPalocci falou de uma série de reuniões onde não estava e de outras onde não haveriam testemunhas de suas conversas. Todas falas sem provas.rnMarcelo por sua vez diz ter pedido que seu pai contasse para Lula e Emílio negou ter contado isso para Lula.rnO réu Glauco da Costa Marques reafirmou em depoimento ser o proprietário do imóvel vizinho ao da residência do ex-presidente e ter contrato de aluguel com a família do ex-presidente, e que está recebendo o aluguel. Uma relação de locador e locatário não se confunde com propriedade oculta.rnProcessos fora da devida jurisdição com juiz de notória parcialidade, sentenças que não apontam nem ato de corrupção nem benefício recebido, negociações secretas de delação com réus presos que mudam versões de depoimento em busca de acordos com o juízo explicitam cada vez mais que os processos contra o ex-presidente Lula na Operação Lava Jato em Curitiba não obedecem o devido processo legal.rnO Instituto Lula reafirma que jamais solicitou ou recebeu qualquer terreno da empresa Odebrecht e jamais teve qualquer outra sede que não o sobrado onde funciona no bairro do Ipiranga em residência adquirida em 1991.rnO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirma que jamais cometeu qualquer ilícito nem antes, nem durante, nem depois de exercer dois mandatos de presidente da República eleito pela população brasileira.rnrn rnrnParticipe do debate sobre política pelo www.twitter.com/opabloreis

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