Em um discurso chamado de ato suprapartidário, com presença de deputados federais, estaduais, vereadores de 10 siglas, o ex-governador Jaques Wagner disse que em Abril lança sua campanha para a campanha do senado e apostou com os presentes.
“Desafio qualquer um (empresário baiano) a dizer que exigi qualquer coisa por obras ou serviços prestados aqui. Todo mundo sabe que a Bahia é pequena, quando alguém começa a cometer coisa mal feita, logo, logo todo mundo fica sabendo“, disse, diante de aplausos dos políticos presentes.
Wagner também insinuou que as denúncias e a operação têm relação com o fato dele ser sugerido como candidato à presidência da República, caso Lula seja inviabilizado. “Meu nome foi cogitado como Plano B, assim como o de Haddad. No caso dele, pau, comigo, a mesma coisa.”
O atual secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia também conclamou a militância: “Atitudes como essa só devem fortalecem o nosso ânimo de continuar buscando a verdade e a justiça. A melhor resposta para isso é trabalho, trabalho e trabalho. Eu continuo trabalhando como secretário até o dia 7 de abril que é quando me afasto para me candidatar ao senado“.
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O ex-governador foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, na Operação Cartão Vermelho, na manhã desta segunda (26). O obejto de investigação é a denúncia de R$450 milhões de superfaturamento no contrato com OAS e Odebrecht pela Arena Fonte Nova.
Wagner foi citado pela PF como beneficiário de R$82 milhões em propinas. “Números mirabolantes que eu não sei de onde o pessoal da Polícia Federal tirou, que só servem para fazer manchete. Oitenta e dois milhões, eu não sei de onde que pariram esse número. A mim interessa que esse inquérito seja fechado e remetido ao TRF1, que é onde eu vou me defender”, respondeu.
As declarações tiveram apoio de representantes de dez partidos, como o vice governador João Leão (PP), o presidente da Assembleia Legislativa, Angelo Coronel (PSD), os deputados estaduais Fabíola Mansur (PSB), Rosemberg Pinto e Joseildo Ramos (PT), Sargento Isidório, o secretário da Agricultura Vítor Bonfim, o vereador de Salvador José Trindade (PSL), dentre outros. O discurso foi transmitido, ao vivo, no início da noite desta segunda, pela página do secretário no facebook (@jaqueswagneroficial).
A atitude de Wagner é incomum entre políticos devassados por operações da PF recentemente. Geralmente, os alvos de investigação preferem se recolher ao silêncio na iminência de algum escândalo.
“Neste momento você sente sua privacidade invadida, às 6h da manhã, absolutamente sem necessidade. Esse inquérito rola desde 2013, na incompreensão sobre o que é PPP. Até hoje muitos órgãos de fiscalização não entendem o que é parceria público privada e ficam procurando chifre em cabeça de cavalo. Esclarecimentos nós demos aos montes. Já se foi no TCE, já se mostrou tudo o que é. Estranhamente, depois do arquivamento que foi feito no TSE de um dos processos contra mim na semana passada, houve essa busca e apreensão pedida pelo mesmo corpo da Polícia Federal a quem eu já tinha prestado esclarecimento.”
O político fez críticas ao vazamento de informações sobre a operação. “As informações da coletiva da imprensa desrespeitam o mandado de busca de apreensão da juíza do TRF, que pedia que as informações fossem mantidas sob sigilo. Aí a culpa é muito mais de quem passa a informação para a imprensa do que a imprensa que vai em busca da informação. A repórter estava esperando às 6h da manhã, o delegado da Polícia Federal que só iria chegar às 6h30”.rnWagner declarou ter recebido solidariedade dos principais líderes do PT.
“Hoje o presidente Lula me ligou, a presidenta Dilma me ligou, vários colegas de ministérios. Não tenho temor de nada em relação ao processo da Fonte Nova, absolutamente nada. Os preços da Fonte Nova estão entre os mais baixos daquela época. Esse estádio foi feito para a antiga Fonte Nova não virar um cemitério de concreto”.
Ele comentou que “os filhos estão maduros e sabem que não se joga pedra em árvore que não dá fruto”. O ex-governador também citou a apreensão de 15 relógios no apartamento: “Hoje estiveram na minha casa, levaram celular, laptop, ipad. Sobre os relógios, a delegada se precipitou e disse que eram relógios luxuosos. Espero que façam a perícia e ela vai constatar. Eu fui para a China e comprei alguns relógios“, declarou motivando gargalhadas. “Gosto muito de relógios mas não ligo para a marca, esse aqui é uma réplica”.
A abertura do ato foi feita pelo presidente do Partido dos Trabalhadores Everaldo Anunciação, que disse “valer muito mais o que nós temos ainda a caminhar”. Depois da apresentação, Wagner continuou: “Estou na mais absoluta serenidade, mas ao mesmo tempo minha indignação pela forma como as coisas são conduzidas aqui. O sistema é praticamente um regime de exceção. Assim como nunca tiveram provas contra o presidente Lula, eu queria passar essa tranquilidade para todos os companheiros”.
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