Como uma amizade pode sobreviver a lados opostos na política? Duas americanas respondem

Todo mundo tem uma variação dessa história para contar: o grupo de whatsapp da família, de repente, vira uma zona minada porque tia e sobrinho já não controlam mais as indiretas por causa de Bolsonaro e de Jean Wyllys. Mais do que isso, após o baba de domingo, não rola mais aquela resenha com cerveja porque da última vez quase o lateral foi aos socos com o meia esquerda por causa de um comentário a respeito do interrogatório ao ex-presidente Lula.

Ou aquele mal estar provocado depois que o estagiário falou que Temer e todos do PMDB eram corruptos, justamente na frente da supervisora, casada com um vereador do partido.rnrnEm tempos de opiniões extremadas nas redes sociais, e de reações inflamadas na vida real, a pergunta é: pode uma amizade sobreviver a lados opostos na política? Duas melhores amigas americanas acreditam que sim e dão dicas para que isso seja possível.

A palestra das amigas está em inglês, ainda sem legendas em português:Caitlin Quattromani já foi gestora de marketing em empresas como a Amazon. Lauran Arledge é consultora e coaching, também fundadora da Elevate Partners, focada em desenvolver o poder de diálogo de indivíduos e organizações.rnrnOs conflitos entre Caitlin Quattromani e Lauran Arledge começaram na campanha eleitoral para presidente dos Estados Unidos, em 2016. “Pessoas que nós sempre pensamos que eram racionais e inteligentes pareciam verdadeiros estranhos. Nós nos dizíamos, “Como você pode pensar assim? Eu achava você esperto”, disse Lauran na palestra do TED, a organização focada em discutir e difundir ideias e soluções para o planeta.

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As duas se conheceram em 2011 compartilhando da tentativa de deixar os filhos bem ocupados. Caitlin é conservadora de direita, a amiga é democrata convicta. No início do relacionamento, elas decidiram não incluir assuntos delicados sobre política, que pudessem tirar da zona de conforto de uma amizade sem turbulências.

”Para a maioria de nós, conversas sobre política sempre precisam ter um vencedor e um derrotado. Nós partimos para o ataque e geralmente gostamos de expor as fragilidades do argumento alheio. Nós temos a tendência a absorver cada comentário como uma afronta a nossos valores e crenças”, aponta Lauran. “E se mudássemos o modelo de nossas conversas? Se escolhermos o diálogo, em vez do debate? No diálogo, substituímos o ego e o desejo de vencer pela empatia e o desejo de aprender. Em vez de julgamentos, nos mostramos genuinamente interessados nas experiências do outro e nos valores que norteiam”, sugere.

Caitlin reconhece que é muito difícil manter esse tipo de diálogo porque o caminho mais fácil é se sentir emocionalmente afetada. Foi aí que criaram o que chamam de amizade bipartidária. “O que a gente descobriu na amizade bipartidária é a possibilidade que existe no diálogo. Nós decidimos ser genuinamente curiosas sobre as ideias e perspectivas da outra e ouvir sempre que estivermos em desacordo. Colocando de lado ego e ideias preconcebidas, nos abrimos para um aprendizado sem limites“, sustenta Caitlin.

Com o resultado da eleição americana, a vitória de Trump deixou Lauran à beira da desilusão e da revolta. Inesperadamente, recebeu uma mensagem da amiga Caitlin: “Eu sei que essa noite é difícil para vocês. Estamos pensando em vocês. Amo vocês”.rnrn rnrnComentário deste blog: não permita que política estrague um relacionamento. Por pior que seja a relação e por melhor que pareça o político, nunca vale a pena.

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