“Meu propósito é ser protagonista, não espectadora, do Brasil”, afirma Luiza Trajano, que está criando o “maior partido não político”

Ela começou como caixa da empresa da família e, quarenta anos depois, tornou-se uma das poucas mulheres bilionárias do país. No meio do caminho, enfrentou resistência às suas ideias inovadoras e o preconceito pelo fato de ser mulher, mas – ela reafirma – nunca se deixou cair na vitimização.rnrnLuiza Helena Trajano, 65 anos, parece estar com o mesmo vigor de quando deixou de ser normalista e iniciou carreira na loja Cristaleira, criada pela tia homônima, justamente para gerar emprego para a família. O estabelecimento em Franca, interior de São Paulo, sob o comando dela, ganhou o país – e o mundo, com a primeira e-commerce varejista que se tem notícia (hoje magalu.com.br).rnrn“Meu propósito é ser protagonista, não espectadora, do Brasil”, diz a empresária, formada em Direito e Administração, atualmente bastante engajada numa militância não-política. “Continuo contribuindo para a nação através do grupo Mulheres do Brasil. A gente quer ser o maior partido político apartidário, não pode ser candidata, nem formar partido político, sem ter esse lado esquerda-direita, pobre-rico, branco-preto, tem que ver o Brasil como um todo”, avisa.rnrnAssista ao vídeo completo com a entrevista:rnrnrnrnOrigens na BahiarnrnA história começou com o avô , nascido na cidade baina de Caetité. Ele foi para Franca e casou com uma jovem. A partir dali, surgia a família Trajano, origem do conglomerado que faturou R$11,4 bilhões em 2016 e continua crescendo, desdenhando de quaisquer crises econômicas ou políticas no país.rnrn“Eu tenho auto estima e não tenho dó de mim, tudo isso leva a vencer desafios. É gratificante quando temos um propósito maior”, ensina.rnrnInternamente, a empreendedora considera que a principal mudança foi ter deixado uma “administração centralizadora” para uma “administração de liberdade acompanhada”. “A gente seguia três atitudes: velocidade, qualidade e lucro. Você não tem essas coisas numa empresa com decisões centralizadas, com isso, você nunca tem velocidade. Antigamente, os grandes comiam os pequenos, hoje, os velozes comem os lentos”, compara.rnrnMesmo não sendo de geração millennial ou Y, ou Z, ela não esquece o mantra inovação. “Eu falo que inovação é igual a aprender a surfar numa onda. Quando você entra nisso, a cabeça de todos da empresa fica aberta a essas coisas. Quando você acostuma sua mente a inovação, isso acontece. O Magazine não parou”.rnrnLEIA MAIS: “Nós erramos, agora queremos o direito de falar à sociedade”, diz gerente de Conformidade da OdebrechtrnrnVEJA AINDA: Deputado baiano chama exposição do Santander de humilhação à Igreja: “esses filhos do diabo não podem ficar impunes”rnrnPreconceitornO fato de ser uma pioneira no segmento de alta administração, ensinou muitas lições. “Até hoje, na minha área, só lido com homem. Imagina eu, jovem, chegando em São Paulo, quarenta anos atrás, o desafio era muito maior. Mas nunca tive dó de mim, eu tenho auto estima boa, quando me rejeitavam eu tinha certeza que eu ia me aceitar”.rnrnAtualmente, ela diz, o mundo corporativo está mais favorável às mulheres. “Desenvolver o jeito feminino de ser ajudou a estar preparada para a administração orgânica. A gente tinha administração mecânica e agora estamos na fase orgânica. Esse jeito feminino está mais adaptado à nova fase: intuição, sensibilidade, capacidade de ensinar e de aprender, trabalhar no caos, é o perfil da nova era“.rnrnEm 2011, no governo de Dilma Roussef, foi convidada a ser ministra da micro e pequena empresa, mas não aceitou. “Eu adoro pequena e micro empresa porque é ela que gera emprego no país. Então me convidaram mas eu não pude deixar minhas atribuições.rnrnContinua acompanhando a política, mas prefere não incensar o político/empresário prefeito de São Paulo. “Assim como João Dória está fazendo gestão, tem muito político que está indo muito bem porque está seguindo os paradigmas da gestão: não ter apadrinhamento, não fazer jogo político, ter planejamento a longo prazo. Como tem o João Dória, conheço muitos políticos que estão fazendo gestão boa“.rnrnA entrevista, transmitida ao vivo pelas redes sociais da Aratu, foi realizada durante o 12º Congresso da Associação Brasileira de Recursos Humanos, no Othon Palace. Ela deu dicas importantes. “Duas coisas distinguem uma empresa: atendimento e inovação. Se você não tiver com as pessoas alinhadas no coração e na cabeça, é muito difícil. Por mais que você tenha processo ou checklist, isso vai ser difícil se as pessoas não se sentirem donas da empresa”.rnrnE para quem deseja empreender recomendou algo que não é possível conseguir em nenhum curso de pós graduação: amor pela atividade cotidiana. “A principal característica é ser apaixonado pelo que faz e ter o nicho certo. E uma coisa muito boa é buscar solução e não ficar reclamando, isso eu acho muito importante“.rnrnEla realmente não reclama e costuma rir das próprias experiências embaraçosas. No ano passado, ela levou um tombo carregando a tocha das olimpíadas no Rio. A queda gerou um desafio do youtuber Felipe Neto, que lançou a hashtag #aceitaluiza, desafiando ela a fazer um vídeo caricaturizando a própria gafe.rnrnO resultado foi esse:rnrnrnrnParticipe do debate sobre política e negócios pelo www.twitter.com/opabloreis

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