Mino Carta acusa o PT de traição a Lula e chama Moro de “juizeco de nada”; veja vídeo

Oito dias após visitar Lula na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o jornalista Mino Carta gravou um video em que diz que o “PT confirma sua vocação velhaca” e também acusa a sigla e o candidato Fernando Haddad de “traição ao pensamento do maior líder popular brasileiro”.

O episódio é mais um lance, inesperado e surpreendente, no caótico tabuleiro de xadrez político que se tornou a última semana antes do segundo turno da eleição presidencial. No desabafo de pouco mais de seis minutos, Carta também chama Sérgio Moro de “juizeco de nada, protegido pelos golpistas de toga que estão lá no STF”. Ele utiliza a palavra francesa débâcle (que caracteriza ruína) para se referir ao PT, diz que os valores de esquerda do partido se perderam ao chegar ao poder, e que “o embate final está perdido”.

Veja o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=vmM4PihLDpc

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Grande parte da revolta do publisher da revista Carta Capital se concentra nas declarações recentes do candidato Fernando Haddad sobre Sérgio Moro. “Em geral, ele ajudou (o país). Em relação à sentença de Lula, acho que foi um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores porque ele não apresentou provas contra o presidente. Em geral, Sérgio Moro fez um bom trabalho”, confirmou Haddad, em entrevista ao jornalista Carlos Nascimento, do SBT.

No vídeo, aparentemente gravado em sua mesa de trabalho, Mino Carta aparece ao lado de uma garrafa de vinho chileno aberta e uma máquina datilográfica antiga. Ele ataca fortemente o partido e o presidenciável:

“Diante da entrevista do candidato Fernando Haddad ao SBT, diante dos cortes feitos no próprio programa eleitoral do candidato para retirar tudo aquilo que, na opinião do PT, incomoda a casa grande é algo que supera a minha imaginação. Tanto mais porque representa uma traição ao pensamento do maior líder popular brasileiro. O fundador do partido Luiz Inácio Lula da Silva.

É realmente, como diria Boris Casoy em outros tempos, uma vergonha, uma fuga velhaca. Como é possível que o Haddad, na hora do embate final, ao meu ver já perdido, o torne ainda pior com sua ridícula, patética entrevista ao SBT. É algo que me ofende.”

Como se fosse um recado aos dirigentes do partido, ele confirma que conversou pessoalmente com o ex-presidente condenado há oito dias e que ele não parecia satisfeito com os rumos da campanha e de sua condenação.

“Mesmo porque, ao visitar Lula, na quinta passada, eu ouvi dele referências nem um pouco elogiosas sobre o juiz Sérgio Moro, um desabafo compreensivo por quem foi tão perseguido, vilipendiado, humilhado nesse cárcere da Polícia Federal. Obra de um torquemadazinho de província, de um juizeco de nada, protegido pelos golpistas de toga que estão lá no STF.”

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Italiano, nascido em Gênova, Demetrio Carta tem 85 anos. Chegou a São Paulo aos 13, em 1946. Já foi diretor de redação de importantes veículos da editora Abril (inclusive, Veja), antes de fundar a própria Carta Capital. Em 2016, um áudio vazado coloca Lula supostamente encomendando um artigo a ele sobre autoritarismo. Em 2006, ganhou o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque, concedido pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil.

Com uma visão fatalista, Carta diz que “a débâcle petista é um horror e também responsável do horror. Na hora H, na hora da reta final, o PT confirma a sua vocação velhaca. Eu vi nascer como partido de esquerda, e me regozijei com isso.”

Ele diz que o partido cumpriu a missão em muitos momentos como sigla de esquerda, mas que “tudo isso se perdeu, quando o PT chegou ao poder.” O encerramento do video é quase num tom fúnebre: “A situação me força a dizer uma coisa terrível: este país merece ser exatamente o que é”.

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