Recorde de negócios da Bahia Farm Show é trunfo de uma parte do estado que não se enxerga na “baianidade”

Esta é uma parte da fila para a abertura oficial da Bahia Farm Show, em Luis Eduardo Magalhães. O evento terminou sábado (10) e, segundo organizadores, movimentou R$ 8,2 bilhões em negócios, um recorde, superando os R$ 7,9 bi do ano passado. Para se ter uma ideia, esse valor é mais de 4x o orçamento da prefeitura de Feira de Santana para todo o ano de 2023. Foram 100.262 visitantes (número aferido pelas câmeras de reconhecimento facial colocadas em vários pontos dos 22 hectares destinados ao evento). 

Algumas das mais de 400 empresas expositoras chegam a investir R$2,5 milhões num só stand, com telões de led maiores do que duas Dodge Ram estacionadas. 

O complexo Bahia Farm Show fica às margens da BR-242, a 8 km do centro de LEM, e a mais de 970 km do Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. É uma mini cidade montada em 25 dias por até 3,5 mil operários. Depois do evento, tudo é desmontado entre 18 e 20 dias.

A estrutura, as inovações, os negócios e números imponentes, muitas vezes, passam despercebidos dos olhares da capital. Eu mesmo só fui conhecer graças a uma cobertura pela TV Aratu

EM BUSCA DO PRIMEIRO LUGAR

A primeira edição foi em 2004, ainda com o nome de Agrishow. O evento ganhou a dimensão de maior feira de tecnologia agrícola do Norte-Nordeste e os promotores trabalham com estimativa de crescimento a 20% a cada ano. Querem superar a Agrishow original. Convidaram Lula, o presidente desconvidado do evento de Ribeirão Preto, atualmente, o maior da América Latina. A 18a edição está confirmada para 11 a 15 de junho de 2024. 

A iniciativa é liderada pela Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba), junto com outras entidades, como as poderosas Associação Baiana de Produtores de Algodão (Adaba) e Associação dos Revendedores de Máquinas Agrícolas do Oeste da Bahia (Assomiba). 

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Chama a atenção a quantidade de agropecuaristas gaúchos, paranaenses, catarinenses e goianos, que “colonizaram” essa parte do oeste baiano. Demonstram grande capacidade de trabalho e, aparentemente, estão distantes, além de geograficamente, também culturalmente, do estilo associado ao perfil baiano. Na Bahia Farm, é proibido, por exemplo, comercializar ou consumir bebida alcoólica. Sem juízo de valor, quantas feiras, congressos, encontros, que reúnam milhares de profissionais, não teriam um show e uma “cervejinha” como momento de confraternização?

Em resumo, o agro, que já representa pouco mais de um quarto (25%) do PIB da Bahia, é forte mesmo.

 

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